Mas o que é isso?
Como se inicia o filosofar, segundo os gregos?
O FILOSOFAR inicia-se com o “estranhamento do mundo”, mas no sentido de sentir-se estrangeiro em sua própria terra.
É o espanto com o mundo, aquele mundo que em um segundo anterior era familiar e não espantava ninguém.
Trata-se aí, também, de um admirar. Mas não exclusivamente no sentido de achar admirável, maravilhoso. Não!
No sentido de ad-mirar, ou seja, de mirar não longe, mas mirar ao que se está conectado. Mirar não o que é algo lá, mas aqui mesmo!
Estranhar-se. Foi isso que os gregos fizeram.
Eles achavam o cosmos (o contrário do caos) tudo de bom e acolhedor. Não tomavam distância disso. Não estranhavam.
Quando inventaram de começar a mirar o cosmos mesmo estando dentro dele, conectados, sendo peça do cosmos, ou seja, quando fizeram o ad-mirar e sentiram estranhamento em relação ao cosmos, começaram a querer explicá-lo, para poderem se sentir em casa novamente.
Mas nunca mais se sentiram em casa...
Haviam descoberto a maldição do filosofar.
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