sábado, 24 de outubro de 2015

O que são Dramas de Controle?

Dramas de Controle são comportamentos defensivos adquiridos na infância a fim de nos reerguermos psicologicamente. É sempre bom lembrar nesse ponto que nossas defesas são efetivamente agressivas aos que nos cercam, já que esconde por trás do comportamento, um julgamento negativo desses.
Acreditamos que precisamos receber atenção, amor, reconhecimento, apoio, aprovação - todas formas de energia possíveis - dos outros, ao invés de nos inundarmos da energia que naturalmente que nos permeia e é sempre disponível.
Inconscientemente fomos "treinados" pelos nossos pais a sugarmos energia e "aprendemos" a nos defender e a retomar a energia em nossa direção.
Uma das primeiras providências que precisamos tomar para evoluir conscientemente é nos livrarmos de nossas atitudes, temores, informações erradas e comportamentos passados voltados para o controle do fluxo de energia.
Cada um de nós que busca o aprendizado de si mesmo deve recuar no tempo às nossas experiências familiares e descobrir e se reconciliar com o comportamento que se formou.
Essa reconciliação se dá pela compreensão de que nossos pais também sofreram dramas de controle e eles também são consequência de sugas energéticas. Não se trata de culpar aos nossos pais, mas de transmutar o mecanismo. Trata-se de compreender que esses mecanismos defensivos são desnecessários e só provocam sofrimento em nós mesmos. Trata-se de entender que toda essa energia despendida e sugada é disponível para nós, sem a menor necessidade de cobrarmos dos outros. Trata-se de se libertar pelo amor.
Lembro que escolhemos nossos pais e não o contrário.
Apenas observar seu início mantém na nossa consciência a nossa forma de controlar. É preciso se reconciliar com todos os membros de nossa família, entendendo que todos também estavam atuando num drama de controle. Um drama de controle provoca outro drama de controle e os dois se reenforçam e se retroalimentam.
Sempre desenvolvemos nosso drama particular em função dos membros da nossa família. Entretanto, tão logo reconhecemos a dinâmica da energia da nossa família, podemos passar ao largo dessas estratégias de controle e observar o que estava realmente acontecendo.
Temos quatro tipos principais de dramas de controle. Algumas pessoas usam mais do que um em diferentes circunstâncias, mas quase todos nós temos um comportamento dominante que temos a tendência de repetir, dependendo daquele que deu certo ao nos defender da nossa família na infância.
Os papéis que executamos nos dramas de controle podem ser descritos como: O Intimidador, O Interrogador, O Distante e A Vítima (ou Coitadinho de Mim). Os dois primeiros são papéis ativos e os dois últimos, passivos.
O Intimidador
Os intimidadores conseguem chamar a atenção de todos por meio de atitudes espalhafatosas, da força física, de ameaças ou de explosões inesperadas. Eles mantêm todo mundo nervoso, com medo de desencadear comentários embaraçosos, irritação, e, nos casos extremos, acessos de cólera. A energia avança na direção dessas pessoas por causa do medo e da desconfiança do “evento seguinte”. Os intimidadores sempre dominam a conversa. Eles nos fazem sentir receosos ou ansiosos.
Basicamente egocêntricos, o comportamento dessas pessoas pode variar entre mania de mandar em todo mundo, falar continuamente, ter um comportamento autoritário, ser inflexível e sarcástico, e ser violento.
O Interrogador
Os interrogadores são fisicamente menos ameaçadores, mas abatem o espírito e a vontade ao questionar mentalmente todas as atividades e motivações do próximo. Críticos hostis, eles buscam maneiras de apontar erros nos outros. Quanto mais eles se ocupam de suas falhas e erros, mais você os observa e reage a cada movimento deles. Quanto mais você se esforça para provar que está certo ou responder a eles, mais energia manda na direção deles. Tudo o que você disser provavelmente será usado contra você em alguma ocasião. Você se sente como se estivesse sendo constantemente controlado.
Indivíduos hipervigilantes, eles podem ser cínicos, céticos, sarcásticos, atazanadores, perfeccionistas, donos da verdade e até perseveradamente manipuladores. Eles envolvem inicialmente os outros com perspicácia, lógica infalível, fatos e intelecto.
Como pais, os Interrogadores geram crianças Distantes e, algumas vezes, Coitadinhos de Mim. Os dois tipos querem escapar da fiscalização do Interrogador. Os Distantes querem evitar ter que responder (e ter sua energia exaurida) à constante manipulação e provocação do Interrogador.
O Distante
As pessoas Distantes vivem presas em seu mundo interior de lutas não resolvidas, temores e insegurança. Elas criam um halo de mistério em torno de si e se fazem parecer desligadas, fazendo com que as outras pessoas procurem agradá-las. Com frequência solitários, eles se mantém à distância por medo de que os outros imponham a vontade deles ou questionem suas decisões (como faziam seus pais Interrogadores). Achando que tem que fazer tudo sozinhos, eles não pedem ajuda de ninguém. Precisam de “muito espaço” e frequentemente evitam assumir compromissos, o que os leva a estabelecer “rotinas seguras” e imutáveis. Quando crianças constantemente não lhes era permitido satisfazer sua necessidade de independência nem eram reconhecidos pela sua própria identidade.
Inclinados a se deslocar para o lado do Coitadinho de Mim, eles não percebem que seu afastamento é a causa deles não terem o que querem (p.ex. sucesso, amor, auto-estima etc.) ou do sentimento de estagnação e confusão. Eles frequentemente encaram seu problema principal como a falta de alguma coisa exterior (dinheiro, amigos, amor, educação, etc.).
Seu comportamento varia entre o desinteressado, inacessível, pouco cooperativo, superior, repudiador, contrário e furtivo.
As oportunidades que a vida apresenta escapolem enquanto eles analisam tudo em excesso. Diante de qualquer indício de conflito ou confrontação, o distante se torna vago e pode literalmente desaparecer (não atender mais telefones, sumir inesperadamente, deixando de cumprir compromissos). Eles envolvem inicialmente as pessoas com uma personalidade misteriosa e inacessível.
É, sem dúvida, de todos os dramas de controle, o mais difícil de ser avaliado, já que pode querer se apresentar como uma pessoa altamente evoluída e controlada. Diferentemente dos demais dramas de controle que podem facilmente ser identificados como “comportamentos negativos”, os distantes, “aparentemente” não sofrem. Mas, são talvez, os mais profundamente sofredores.
Os Distantes geram, normalmente, Interrogadores, mas também podem participar de dramas com Intimidadores ou Coitadinhos de Mim, porque estão constantemente no centro dos dramas no continuum.
O Coitadinho de Mim ou Vítima
Os Coitadinhos de Mim nunca acham que têm poder suficiente para enfrentar o mundo de forma ativa, de modo que despertam dó egóico, atraindo energia em sua direção. Mesmo quando silentes, eles fazem de tudo para garantir que seu silêncio não passe desapercebido.
Sempre pessimista, chama atenção para si demonstrando preocupação, suspirando, tremendo, mantendo o olhar fixo e distante, respondendo lentamente às perguntas e recontando dramas e crises comoventes. Ele gosta de ser o último da fila e submeter-se a vontade dos outros para depois poder culpá-los pelo seu sofrimento infinito.
Os Coitadinhos de Mim seduzem inicialmente por serem vulneráveis e por precisarem de constante ajuda. No entanto, eles não estão realmente interessados em soluções para seus problemas, porque pensam que perderiam sua fonte de energia. No caso, eles não querem ter seus problemas resolvidos, porque pretendem, inconscientemente, continuar a serem vítimas.
São muito adaptáveis e têm pouca habilidade para estabelecer limites, podendo ser persuasivos, defensivos, ter o hábito de pedir desculpas sem motivo, explicar várias vezes a mesma coisa, dizer coisas demais e dramatizar qualquer situação comum. São muito receptivos a serem tratados desumanamente, como objetos.
Nos episódios extremos, o Intimidador envolve o Coitadinho de Mim cada vez mais violentamente, chegando à agressão física. Depois desse clímax, o Intimidador recua e pede desculpas, enviando desse modo uma energia que atrai o Coitadinho de Mim de volta ao início do processo novamente.
Qualquer dos dramas de controle tende a gerar um outro drama de controle.
Qualquer deles se justifica culpando ao outro.
Qualquer dos dramas de controle são atos reflexos inconscientes, que precisam ser trazidos à consciência para cessá-los.
Entretanto, qualquer drama de controle baseia-se no medo e, portanto, pode ser curado no amor.
Tente voltar a sua infância e rever, com distanciamento, as vivências familiares.
Procure identificar seu próprio drama de controle, entendendo sua origem e assim tomando consciência dele.
Tome consciência dos tipos de drama de controle que você atrai em seu momento presente.
Olhe além do drama para a verdadeira pessoa e seu objetivo.
Esteja disposto a se afastar de seu drama de controle quando perceber que está preso.
Entenda e admita superação e não perfeição, nem em você e nem nos outros.
Entenda que esse conhecimento é uma ferramenta para a sua transformação e evolução.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Dominação ou Controle


Vivemos num mundo onde estamos frequente e incessantemente trocando energias, com o meio e com as pessoas em todos os níveis.

Sem consciência desse fato, a maioria de nós provocamos, forçada e inconscientemente,  essa troca de energia com as pessoas mais perto de nossos sentidos.

Podemos chamar a isso de dominação, jogo de poder, controle, drama de controle, medo e tantos outros nomes.

O importante talvez seja trazermos à consciência o mecanismo para ficarmos mais atentos.

Quantas vezes nos tornamos defensivos diante de uma pessoa recém conhecida ou, ainda mais frequente, com pessoas com comportamentos já conhecidos?

Tendemos a nos afastar e separar das pessoas ou pelo fato de não conhecê-las ou por conhecê-las demais. Essa é uma maneira de controlar pessoas e situações, visando trazer a energia e atenção dela para si.

Criamos na cabeça um “drama” durante o qual nos isolamos e parecemos misteriosos e cheios de segredos incontáveis. Justificamo-nos dizendo a nós mesmos que estamos sendo cautelosos, mas o que esperamos na verdade é que alguém seja atraído para esse drama e tente imaginar o que se passa. E quando atraímos alguém, permanecemos vagos e distantes, obrigando a pessoa a lutar para cavar e discernir seus sentimentos.

Quando a pessoa faz isso, ela dedica toda a sua atenção e transmite sua energia a Você.Vamos lembrar nesse ponto das qualidades da mente: foco, intensidade e duração.Quanto mais prendermos a atenção da pessoa em nosso “drama de controle”, mais foco ela terá, com mais intensidade e duração.Quanto mais Você consegue mantê-la interessada e confusa, mais energia Você recebe.

Infelizmente, provocando esse distanciamento, mais distante do UNO se está e sua vida tende a evoluir muito devagar, já que tendemos a repetir esse comportamento seguidas vezes, sem permitir o novo, sem aprender nada, sem transmutar nada.

O primeiro passo no processo de mudança desse comportamento é trazer nosso “drama de controle” pessoal à consciência.

Nada pode prosseguir enquanto não olharmos de fato para nós mesmos e descobrirmos o que estamos fazendo para manipular os outros, buscando sua energia.

Temos que voltar ao passado, ao centro de nossa vida familiar e observar como se formou esse hábito, lembrando que a maior parte dos membros de nossa família tinha seu próprio “drama de controle” para extrair nossa energia quando crianças. por isso mesmo, criamos nossas defesas, como estratégia para recuperar nossa energia.

Podemos buscar ajuda nisso, através de terapias, psicologia, constelações familiares ou outros métodos, para nos distanciar dessas estratégias de controle e, assim, ver com clareza o que realmente acontece.

Precisamos reinterpretar nossa experiência familiar de um ponto de vista mais evolutivo, espiritualizado, primeiro entendendo como se formou nosso “drama”.

Pense nos seus pais e como os vê. Sei que vai dizer das qualidades deles em primeiro lugar. Mas, eles podem ter sido muito crítico… nada do que Você fazia estava correto ou bom…esse é um caso típico.

É muito comum que os pais desse tipo, numa conversa qualquer, ficassem procurando algum ponto errado em suas respostas e, tão logo descubram, cessavam a conversa e esse ponto passava a ser explorado. E você se sentia desenergizado e triste. Procurava mesmo evitar conversar mais ou dizer alguma coisa de errado a mais.

E assim a gente se tornou vago e distante, tentando dizer aos nossos pais coisas de um modo que chamasse a atenção, mas não revelasse fatos a serem criticados.

Nesse caso, nossos pais eram os interrogadores, buscando encontrar falhas em nós para apontarem e focarem no negativo.

O Interrogador é outro típico caso de “drama de controle”.

O interrogador procura através de perguntas sondar o mundo de outra pessoa, com o propósito de descobrir algo de errado. Assim que descobrem, criticam esse aspecto e exploram esse ponto visando intimidar a outra pessoa, que passa a prestar atenção no interrogador para não fazer mais nada de errado que ele perceba. A deferência psíquica dá ao interrogador a energia que ele precisa.

Todos nós manipulamos em busca de energia.

Alguns de forma mais agressiva e direta, forçando as pessoas a prestarem atenção nelas, outros de forma passiva, talvez até com simpatia ou jogando com a curiosidade das pessoas visando chamar a atenção.

Se alguém o ameaça, então, por medo até, Você é forçado a prestar atenção nele.

Mas há também as pessoas que passivamente se vitimizam, sofrem e adoram transmitir seus sofrimentos, prendendo a atenção das pessoas com dramas pessoais infindáveis. É o chamado caso de “coitadinho de mim”.

Alguns livros classificam os personagens dramáticos de intimidador, interrogador, distante e coitadinho de mim. O ego cria personagens para obter energia alheia.

As pessoas distantes acabam criando interrogadores. E os interrogadores tornam as pessoas distantes. Os intimidadores criam os coitadinhos de mim ou outro intimidador. E é assim que os nossos próprios dramas de controles se eternizam.

É fácil identificar nos outros esses dramas, mas é preciso aprender a reconhecer os nossos próprios.

Precisamos transcender essa ilusão para nos libertar dessas amarras e deixar de viver nessa inconsciente busca de energia.

Podemos encontrar um sentido mais elevado em nossas vidas, para termos nascido em uma determinada família.


E devemos começar a esclarecer quem de fato somos. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Mente: sinônimo de ego ou uma expressão dele?


Uma querida amiga, estudante do livro Um Curso em Milagres me fez essa pergunta.

O livro tem uma linguagem cristã, como bem os autores definem, mas não se dirige somente ao público cristão. Era preciso adotar uma linguagem, uma linha filosófica, uma tradição, e já que foi ditado pelo próprio Jesus Cristo, foi adotado esse linguajar.


Tem também o livro um cunho psicoterápico, já que foram instrumentos da manifestação do livro dois Doutores em Psicologia e, não à toa o livro nos remete a 365 exercícios para a correção da mente.


Muitas perguntas que podem surgir com a leitura do livro podem não ter, por esses fatos, uma resposta satisfatória a estudantes acostumados com outras linguagens, além do ineditismo da mensagem do Mestre.


Com esse intróito, que considero necessário, vou tentar elucidar, segundo minha percepção.

Na tradição cristã, usualmente estuda-se o homem como sendo corpo e alma.

Mais recentemente, ainda dentro dessa tradição, através do espiritismo, a divisão dual tornou-se ternária apresentando-se então como corpo, perispírito e espírito, sendo que, aquilo que antes era alma para os católicos, dividiu-se em duas partes, para efeito de estudo, pela doutrina de Kardec, em perispírito e espírito.

Outras tradições milenares, particularmente as orientais, preferem uma divisão do homem setenária, acreditando ser mais coerente com as funções de cada divisão feita. Budistas, Egípcios, Hebreus, Rosa-Cruzes, Induístas e Teosofistas são exemplos dessa linha de estudos.

Usarei uma terminologia teosofista para tentar elucidar essa questão, tendo em vista ser um linguajar mais ocidentalizado e conhecido.

Os teosofistas dividem o Homem em Sete Corpos ou de as Sete Manifestações e, ainda de os Sete Estados de Consciência, termo que particularmente eu prefiro e passo a usar doravante por me parecer mais adequado a questão.

Gosto de pensar na palavra “consciência” como a ciência de si mesmo, já que ela significa a percepção e/ou o conhecimento do mundo que nos cerca e que nos propicia vivenciar, experimentar e compreender interiormente a tudo o que nos cerca.

Dessa forma, e voltando a teosofia, os Sete estados de Consciência seriam, do mais denso ao mais sutil:

- O Corpo Físico Denso, que nos permite a consciência física do ambiente e suas consequentes sensações, através dos cinco sentidos (tato, audição, paladar, visão e olfato);

- O Corpo Etérico ou Duplo Etérico, cópia perfeita do corpo físico, por isso chamado de duplo, nos permite a Consciência Instintiva animal e se manifesta nas reações instintivas, particularmente de sobrevivência;

- O Corpo Astral, também chamado de corpo dos desejos, formado de matéria extremamente maleável e formatável ao pensamento, nos fornece a consciência dos nossos desejos;

- O Corpo Mental Concreto, nos dá a capacidade de acumular conhecimentos adquiridos ao longo da existência nesse plano e racionalizar os nossos conhecimentos. É a consciência racional e lógica.

Esses quatro corpos ou níveis de consciência formam o que chamamos de "quaternário inferior", limitados a essa existência ou encarnação nesse plano material. E são esses quatro estados de consciência que compõe nosso chamado ego.

Acima destes, e continuando nos estudos teosóficos, temos o ternário superior que, não por acaso, tem relação ao que chamaos de Trindade Divina. São eles:

- O Corpo Mental Abstrato, que dentro da Trindade Divina representa o “Filho" (o Indívíduo Sagrado ou a Manifestação Divina), nos trás a consciência intuitiva, a consciência de todas as nossas experiências ou encarnações e os insights mais profundos de nossa individualidade;

- O Corpo Búdico, que podemos chamar de o Espírito Santo em nós, dentro da tradição cristã, nos empresta a consciência do "Deus Manifestado" e que pouco temos acessado conscientemente; e, por fim,

- O Corpo Átmico, que nos remete ao “Pai" e que de alguma forma nos trás a consciência do "Deus Imanente”, um estado de consciência que dificilmente conseguimos racionalizar.

Considerando o acima dito e feitas tais observações, a mente concreta (mas não a mente abstrata) é parte do ego e pode ser considerada uma expressão dele, como também seriam expressões do ego as consciências físicas, etéricas e astrais.

Já a Mente Superior, o Eu superior ou Corpo Mental Abstrato como tratamos aqui já é uma expressão divina e perfeita em si mesmo e não poderia expressar o ego e suas limitações temporais.

O corpo fala


As tradições orientais ensinam que a evolução humana se dá de dentro para fora. E é com base nessa crença que a medicina oriental, diferentemente da nossa, procura buscar a causa das doenças, não suas consequentes manifestações no corpo físico.

Nossas tradições médicas ocidentais, baseadas na observação científica das enfermidades, procuram, usualmente através de drogas químicas ou intervenções cirúrgicas, atuar nos efeitos físicos, sem dar muito valor as causas.

O corpo físico é um instrumento de manifestação das emoções, da razão e também do espírito, além de ser um observador atuante e sensitivo do mundo exterior.

Como instrumento das consciências emocionais, mentais e espirituais, ele acaba por ser a expressão de todos os desequilíbrios das consciências superiores a ele, naquilo que chamamos de doença.

Talvez as doenças, por nós tão indesejadas tenham um papel mais importante do que simplesmente nos causar medo: são expressões de alerta de que alguma coisa anda desequilibrada nos veículos superiores de manifestação.

Precisamos estar mais atentos a esse aspecto para a cura integral.

Não trate apenas dos sintomas, tentando eliminá-los sem que a causa da enfermidade seja também extinta. A cura real somente acontece do interior para o exterior.

Sim, diga a seu médico que você tem dor no peito, mas diga também que sua dor é dor de tristeza, é dor de angústia.

Conte a seu médico que você tem azia, mas descubra o motivo pelo qual você, com seu gênio, aumenta a produção de ácidos no estômago.

Relate que você tem diabetes, no entanto, não se esqueça de dizer também que não está encontrando mais doçura em sua vida e que está muito difícil suportar o peso de suas frustrações.

Mencione que você sofre de enxaqueca, todavia confesse que padece com seu perfeccionismo, com a autocrítica, que é muito sensível à crítica alheia e demasiadamente ansioso.

Muitos querem se curar, mas poucos estão dispostos a neutralizar em si o ácido da calúnia, o veneno da inveja, o bacilo do pessimismo e o câncer do egoísmo. Não querem mudar de vida.

Procuram a cura de um câncer, mas se recusam a abrir mão de uma mágoa que os consome.

Pretendem a desobstrução das artérias coronárias, mas querem continuar com o peito fechado pelo rancor e pela agressividade.

Almejam a cura de problemas oculares, todavia não retiram dos olhos a venda do criticismo e da maledicência.

Pedem a solução para a depressão, entretanto, não abrem mão do orgulho ferido e do forte sentimento de decepção em relação a perdas experimentadas.

Suplicam auxílio para os problemas de tireóide, mas não cuidam de suas frustrações e ressentimentos, não levantam a voz para expressarem suas legítimas necessidades.

Precisamos olhar mais para dentro de nós mesmo e sermos mais atentos as nossas emoções e pensamentos.

O perigo não é o que entra pela boca, mas o que sai dela.