quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Mente: sinônimo de ego ou uma expressão dele?


Uma querida amiga, estudante do livro Um Curso em Milagres me fez essa pergunta.

O livro tem uma linguagem cristã, como bem os autores definem, mas não se dirige somente ao público cristão. Era preciso adotar uma linguagem, uma linha filosófica, uma tradição, e já que foi ditado pelo próprio Jesus Cristo, foi adotado esse linguajar.


Tem também o livro um cunho psicoterápico, já que foram instrumentos da manifestação do livro dois Doutores em Psicologia e, não à toa o livro nos remete a 365 exercícios para a correção da mente.


Muitas perguntas que podem surgir com a leitura do livro podem não ter, por esses fatos, uma resposta satisfatória a estudantes acostumados com outras linguagens, além do ineditismo da mensagem do Mestre.


Com esse intróito, que considero necessário, vou tentar elucidar, segundo minha percepção.

Na tradição cristã, usualmente estuda-se o homem como sendo corpo e alma.

Mais recentemente, ainda dentro dessa tradição, através do espiritismo, a divisão dual tornou-se ternária apresentando-se então como corpo, perispírito e espírito, sendo que, aquilo que antes era alma para os católicos, dividiu-se em duas partes, para efeito de estudo, pela doutrina de Kardec, em perispírito e espírito.

Outras tradições milenares, particularmente as orientais, preferem uma divisão do homem setenária, acreditando ser mais coerente com as funções de cada divisão feita. Budistas, Egípcios, Hebreus, Rosa-Cruzes, Induístas e Teosofistas são exemplos dessa linha de estudos.

Usarei uma terminologia teosofista para tentar elucidar essa questão, tendo em vista ser um linguajar mais ocidentalizado e conhecido.

Os teosofistas dividem o Homem em Sete Corpos ou de as Sete Manifestações e, ainda de os Sete Estados de Consciência, termo que particularmente eu prefiro e passo a usar doravante por me parecer mais adequado a questão.

Gosto de pensar na palavra “consciência” como a ciência de si mesmo, já que ela significa a percepção e/ou o conhecimento do mundo que nos cerca e que nos propicia vivenciar, experimentar e compreender interiormente a tudo o que nos cerca.

Dessa forma, e voltando a teosofia, os Sete estados de Consciência seriam, do mais denso ao mais sutil:

- O Corpo Físico Denso, que nos permite a consciência física do ambiente e suas consequentes sensações, através dos cinco sentidos (tato, audição, paladar, visão e olfato);

- O Corpo Etérico ou Duplo Etérico, cópia perfeita do corpo físico, por isso chamado de duplo, nos permite a Consciência Instintiva animal e se manifesta nas reações instintivas, particularmente de sobrevivência;

- O Corpo Astral, também chamado de corpo dos desejos, formado de matéria extremamente maleável e formatável ao pensamento, nos fornece a consciência dos nossos desejos;

- O Corpo Mental Concreto, nos dá a capacidade de acumular conhecimentos adquiridos ao longo da existência nesse plano e racionalizar os nossos conhecimentos. É a consciência racional e lógica.

Esses quatro corpos ou níveis de consciência formam o que chamamos de "quaternário inferior", limitados a essa existência ou encarnação nesse plano material. E são esses quatro estados de consciência que compõe nosso chamado ego.

Acima destes, e continuando nos estudos teosóficos, temos o ternário superior que, não por acaso, tem relação ao que chamaos de Trindade Divina. São eles:

- O Corpo Mental Abstrato, que dentro da Trindade Divina representa o “Filho" (o Indívíduo Sagrado ou a Manifestação Divina), nos trás a consciência intuitiva, a consciência de todas as nossas experiências ou encarnações e os insights mais profundos de nossa individualidade;

- O Corpo Búdico, que podemos chamar de o Espírito Santo em nós, dentro da tradição cristã, nos empresta a consciência do "Deus Manifestado" e que pouco temos acessado conscientemente; e, por fim,

- O Corpo Átmico, que nos remete ao “Pai" e que de alguma forma nos trás a consciência do "Deus Imanente”, um estado de consciência que dificilmente conseguimos racionalizar.

Considerando o acima dito e feitas tais observações, a mente concreta (mas não a mente abstrata) é parte do ego e pode ser considerada uma expressão dele, como também seriam expressões do ego as consciências físicas, etéricas e astrais.

Já a Mente Superior, o Eu superior ou Corpo Mental Abstrato como tratamos aqui já é uma expressão divina e perfeita em si mesmo e não poderia expressar o ego e suas limitações temporais.

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