quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Evolução Humana - Parte 3


O Segundo Obstáculo

O segundo obstáculo do buscador - o obstáculo do Corpo Etérico - é o medo e suas derivações: o ódio, a raiva e a violência. O Chacra correspondente é o Svâdhisthâna (Swadhishthan, do Centro do Baço ou Esplênico), situado a meio caminho entre o púbis e o umbigo, que possui 6 raios e é de aspecto radiante e resplandescente como o Sol.  

Este Chacra tem como função absorver os glóbulos de vitalidade da atmosfera (prâna ou energia vital), decompondo essas partículas em seu centro em sete variedades de energia e distribuindo-as às diversas partes do corpo denso. Além da distribuição de energia vital ao Corpo Físico Denso e aos outros Chacras (exceto o Chacra Frontal), possui ainda a função de permitir a recordação das viagens astrais, quando desenvolvido. 



Chacra Svâdhisthâna ou Esplênico


Esse Chacra também tem duas potencialidades: 

A natural e básica desse chacra é o instinto de sobrevivência, de proteção, não fosse assim, o ser humano não viveria. O medo protege o indivíduo, a raiva o impele à luta contra agressores e a violência o ajuda a se preservar da violência alheia. Todas essas qualidades do segundo corpo  são naturais e necessárias para a sobrevivência.

A segunda potencialidade é a sua transformação. Se uma pessoa entender a natureza do medo, atingirá o destemor e se entender a natureza da violência, atingirá a compaixão. De maneira semelhante, ao entender a raiva, desenvolverá a qualidade do perdão.

Tal qual no primeiro corpo, aqui também ocorre o mal-entendimento quanto a transformação. Uma pessoa pode dar vazão à raiva, outra pode suprimi-la. Uma pode ser medrosa, outra pode tentar demonstrar coragem. Mas nada disso leva a transformação. 

O medo advém da falta de conhecimento e da falta de amor. Tememos tudo que não sabemos e não somos capazes de amar ao que não conhecemos. Quando há o medo, ele precisa ser aceito, investigado e reconhecido interiormente. A transformação virá quando compreendida sua natureza. Daí então, e só então, o medo se transformará em destemor.

O domínio de si mesmo é o caminho que levará à transformação.

O Primeiro Raio da Grande Confraria Branca, dirigido pelo Mestre Ascencionado El Morya, tem correlação com os Chacra Svâdhisthâna e o Corpo Etérico.





Mestre Ascencionado do 1o. Raio: El Morya


É o Raio do Poder e tem coloração azul-rei com raios branco-cristalinas. 


As pessoas que tem seu evolutivo ligado a este Raio tem como dons espirituais a direção (de si mesmos e, daí, também dos outros), proteção divina, libertação do medo e da dúvida, a fé e o aperfeiçoamento da alma. Sentem-se protegidas contra os perigos físicos e espirituais.

São característicos desse Raio a iniciativa, o poder, a força interior e a perseverança. 

As pessoas que trilham o Caminho do Quarto Raio lutam para aprender a controlar a sua vontade e impulsos extremistas. Não é raro virem seus planos fracassarem por imprudência. Mas começam tudo de novo seguindo sua imensa vontade.

Os homens desse Raio, quando não evoluídos em outros aspectos relativos aos outros Raios, podem causar desagradáveis consequências. 


Arcanjo Miguel

Outros aspectos relativos:

                          Dia da semana: Domingo
                          Cor do Raio: Azul
                          Pedras relacionadas ao Chakra: brancas ou azuis
                          Mantra do Chacra: Vam
                          Elemento: Água
                          Signo característico do zodíaco: Leão                          
                          Arcanjo do Raio: Miguel

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Evolução Humana - Parte 2

O Primeiro Obstáculo

O primeiro obstáculo do buscador - o obstáculo do Corpo Físico Denso - é a sexualidade. E o Chacra do Corpo Físico Denso e da sexualidade é o Muladhâra (Sagrado, Sacro, Básico ou Chacra Raíz). 

Situado no Duplo Etérico, na altura do cóccix, o Chacra Muladhâra apresenta quatro raios, com depressões entre eles, como uma cruz - símbolo que se emprega para representá-lo. Em atividade esse centro de força é ígneo e de coloração roxo-alaranjada (diz-se, também, de coloração avermelhada). A energia desse chacra alimenta os órgãos de geração, ativando a natureza sexual e entrando na circulação sanguínea para manter o calor do corpo. 

É o Chacra da energia física e é, também, a base ou o assento da "kundalini", ou fogo serpentino. Essa força, quando desperta e liberada, concede aos Iniciados a iluminação total.




Chacra Muladhâra ou Básico


Esse Chacra tem duas potencialidades: a natural e básica desse chacra é a ânsia sexual do corpo físico, responsável pela preservação da espécie. A segunda potencialidade é a sua transformação em iluminação.

O maior engano no caminho da transformação é a possibilidade de lutarmos contra o instinto natural, tentando suprimi-lo ou ocultá-lo. A transformação, a elevação espiritual, não surgirá através da supressão, do celibato forçado. 

A pureza é o caminho que solucionará esse dilema. Uma pessoa que desperta sua sexualidade com todas as suas faculdades intelectuais, emocionais e divinas, além de somente a energia física, estará trilhando o caminho da elevação.

A diferenciação é simples. A sexualidade enquanto potencialidade natural, é uma atividade física de busca de prazer para a satisfação do instinto animal. Evoluída, a sexualidade será uma troca de energias físicas, mentais, emocionais e divinas, que resultará em equilíbrio aos parceiros. O caminho é a pureza, a disciplina e a alegria de se dar. 

O Quarto Raio da Grande Confraria Branca, dirigido pelo Mestre Ascencionado Seraphis Bay, tem correlação com os Chacra Muladhâra e o Corpo Físico Denso.



 

Mestre Ascencionado do 4o. Raio: Seraphis Bay


É o Raio da Harmonia e tem coloração branca-cristalina. Também é conhecido como o Raio da Luta.


Tem como atributos a Pureza, a Ascensão, a Esperança, as Artes e a Ressurreição (através da Pureza, ascendemos do corpo para o espírito, renascendo). 

São característicos desse Raio as fortes afeições, a simpatia, a coragem física, generosidade, devoção, rapidez intelectual e percepção aguçada. O Quarto Raio é a ponte entre a manifestação no mundo da forma e o reino interior da perfeição. Readquirir a pureza do Plano Divino Imaculado e conservar suas virtudes através da auto-disciplina é o caminho do iniciando desse Raio. 

As pessoas que trilham o Caminho do Quarto Raio lutam contra vícios da personalidade como a auto-centralização, implicância, falta de precisão no que faz, fortes paixões, indolência e extravagância. Nessa batalha contra a "persona", buscam adquirir virtudes como a serenidade, confiança, auto-controle, pureza, precisão, equilíbrio mental e moral.



Arcanjo Gabriel


Outros aspectos relativos:

                          Dia da semana: Quarta-feira.
                          Cor do Raio: Branco-cristal
                          Pedra relacionada ao Chakra: Rubi (ou pedras vermelhas)
                          Mantra do Chacra: Lam
                          Elemento: Terra
                          Signo característico do zodíaco: Touro                          
                          Arcanjo do Raio: Arcanjo Gabriel.
                     

Incluo aqui um video, que trata do assunto de forma simbólica, bonita e exotérica:






quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Evolução Humana - Parte 1

Nota.:  Tento com esse trabalho simplificar o estudo dos interessados em assuntos espiritualistas / esotéricos, no que tange a pesquisas sobre os Caminhos da Evolução Humana ou Os Sete Raios. Para melhor entendimento, acho aconselhável associar este assunto aos Sete Corpos (ou Estados de Consciência) e aos Sete Chacras. Procuro utilizar as nomenclaturas simples, sem no entanto, fugir dos nomes originais conhecidos ou suas variações, no intuito de simplificar ao leitor e de universalizar o linguajar a diversas correntes filosóficas. O que escrevo é a minha percepção sobre o assunto, obtida com a leitura de alguns livros teosóficos e espiritualistas, de Roger Feraudy (com quem convivi por anos, tendo a oportunidade de discutir, estudar e trabalhar), Annie Besant, Arthur E. Powell, Helena Blavatsky, C.W. Leadbeater e outros tantos célebres autores e pessoas. Acato de bom grado correções, opiniões, aprofundamentos, discussões ou estudos complementares que sempre são bem-vindos e, pelo que, desde já, agradeço a toda colaboração nesse sentido.



Os Sete Corpos e seus Chacras


A Evolução Humana é de dentro para fora. O Caminho da Iniciação é solitário porque é a tomada de consciência de cada individualidade. É por esta razão que não podemos "passar" nossas próprias experiências ao próximo. Siddhartha Gautama - O Buda, ensina: "Não imploreis aos deuses impotentes pela sua libertação. Cada homem constrói sua própria prisão".

Isso posto, gostaria de iniciar distinguindo claramente a diferença entre buscar e pedir: pede quem não quer ir buscar. Buscar e pedir são atos contraditórios entre si, já que aquele que pede, quer evitar a busca. 

No ato de se pedir algo, a atenção, o foco e também a responsabilidade fica centrada no outro - em quem dá. Não há mérito individual em se pedir. Contrariamente, o buscador centra a sua atenção em si mesmo, sendo o agente modificador de sua individualidade. É de responsabilidade do buscador, seus atos, palavras, pensamentos e sentimentos, sendo assim ele próprio o merecedor de toda a evolução auferida.

Sendo a Evolução Humana de dentro para fora, também o Caminho da Evolução (Iniciação) está dentro, jamais fora do indivíduo. Logo, dizer que há obstáculos no caminho do crescimento espiritual significa dizer que há obstáculos a serem vencidos dentro do próprio buscador. Ao buscador será interessante conhecer o que são esses obstáculos e como eles podem ser removidos ou superados. 

Para detalharmos esse assunto, precisamos conhecer um pouco sobre os nossos corpos, seus centros de força (chacras ou centros de energia) e também sobre os Sete Raios (ou Caminhos de Evolução). Adianto, desde logo, que cada chacra está conectado de maneira especial com um seu corpo correspondente e também com um Raio.

Comecemos então falando um pouco sobre os Sete Corpos (ou Veículos de Manifestação ou, ainda, Estados de Consciência do Homem).

O homem possui Sete Corpos (ou Sete Veículos de Expressão nos Sete Planos de Manifestação). Esses Sete Corpos são reduzidos a dois ou três, dependendo da escola, filosofia, ou religião. 

Essa constituição setenária do homem é quase desconhecida no Ocidente. Entretanto, no Oriente e, desde a antiguidade, povos como os hindus, caldeus, egípcios, hebreus e escolas filosóficas antigas já tinham esse conhecimento. Mas, é bom deixar claro que a divisão simplificada em três ou dois corpos da origem setenária, mais utilizada no Ocidente, é apenas escolástica. Senão, vejamos:



Cristãos Espíritas Gregos Budistas Esotéricos Egípcios Hebreus Rosa-Cruzes Teosofistas









Espírito Nous Átman Atmu Vechida Espírito Divino Átmico



Buddhi Putah Shayah Espírito de Vida Búdica
Alma

Manas Arupa Sab Nechamah Espírito Humano Mental Abstrato


Psiché Manas Rupa Akbu Ruach Mente Mental Concreto

Perispírito
Kama Sharira Khabá Neplesh Corpo de Desejos Astral



Linga Sharira Bha Kruschagui Corpo Vital Etérico ou Vital
Corpo Corpo Soma Sthulo Sharira Khabá Gui Corpo Denso Denso


Como pode-se observar, todos expressam a mesma realidade de diferentes formas, com diferentes nomes. Porém, para efeito de nosso estudo e para maior clareza, utilizarei aqui a nomenclatura setenária teosófica, uma vez que se pretende correlacioná-la aos Sete Chacras e aos Sete Raios, esses também de natureza sétupla e por ser de nomenclatura mais simples e fácil.

Costuma-se chamar ao conjunto dos quatro corpos mais densos de "quaternário inferior". É no quaternário inferior que o ser humano comum se manifesta no mundo fenomênico, telúrico, da matéria. Ao conjunto dos três corpos mais sutis, chama-se de "ternário superior", onde a representação divina, a trindade divina, se manifesta em cada individualidade. O homem comum tem pouca "existência" ou "consciência" nesses três corpos e a ciência pouco sabe sobre eles, embora já reconheça, de diversas formas, suas existências. 

Outro conceito importante é que esses corpos se entrelaçam e interpenetram, formando uma só unidade. Embora na figura pareçam separados, o que se pretende ali é apenas dar as dimensões desses corpos, já que os corpos mais sutis e elevados ultrapassam os limites dos imediatamente inferiores a eles. Assim, o corpo etérico é maior em tamanho que o físico denso, bem como o astral maior que o etérico e assim por diante.

O observador deve já ter reparado que o número 7 carrega incontáveis associações desde a Antiguidade: são 7 os dias da semana, cada período lunar dura 7 dias, o arco-íris tem 7 cores, são 7 as notas musicais, a criação do mundo  durou 7 dias segundo a gênese, são 7 as iniciações humanas e também 7 as solares e também 7 são os tipos de matéria ou energia (terra, água, ar, fogo, éter, prâna - ou energia vital - e mente).  O número 7 representa a Trindade Divina materializada, o Deus manifestado, a Criação ( * ).               

Os Sete Chacras (ou "Chakras", literalmente, rodas em movimento, pela sua aparência) principais localizam-se no Corpo Etérico (ou Duplo Etérico, assim chamado já que a cada partícula do Corpo Físico Denso corresponde uma partícula no Corpo Etérico) e tem como principal função distribuir a energia vital (prâna, energia que vem do Sol) ao nosso Corpo Físico Denso, através de canais (nadis) que nutrem orgãos e sistemas.

Os Sete Raios da Grande Confraria Branca (ou Fraternidade Branca, ou ainda, as Sete Chaves de Ouro da Iniciação ou os Sete Portais de Ouro) nos indicam as virtudes ou valores que devemos desenvolver para superar os obstáculos que nos prendem a matéria e ao sofrimento humano.

Cada obstáculo a nossa evolução está relacionado a um dos Sete Corpos, que por sua vez é ligado a um dos Sete Chacras. E cada um dos Sete Raios, com seus Sete Choans (ou os Sete Grandes Mestres Ascencionados), nos ensinam os meios ou caminhos ou virtudes a serem desenvolvidos pelo buscador para transpor esses obstáculos e, assim, alcançar as Iniciações Humanas. Tudo é intrinsecamente interligado e nada acontece num plano que não tenha efeito em outros. E, embora

Os Corpos, os Chacras e os Raios são correlacionados, bem como, cada qual tem uma cor, uma forma, uma nota musical, um elemento da natureza etc. Assim, nada acontece num plano que não tenha efeitos em outro. Uma doença (ou desequilíbrio) emocional, ocasionará consequências nos planos acima e abaixo e nos chacras pertinentes. Portanto, tenhamos sempre em mente que, embora estudemos cada um de per si, estão intrinsecamente relacionados.

Depois desse breve intróito, na parte 2 começaremos a desvendar os obstáculos a serem vencidos, etapa a etapa, pelo buscador sincero e verdadeiro, no seu caminhar pela evolução do Ego.


( * ) Aos interessados na matéria, recomenda-se a leitura do livro "Sete - O Número da Criação" de Desmond Varley - Edições 70.

sábado, 28 de abril de 2012

A Rosa Azul

Nota: Considero-me privilegiado por ter convivido por anos com Roger Feraudy, meu pai. E através dele, com o Mestre Babajiananda (literalmente Paizinho da Felicidade Serena), que atuando em diferentes corpos de ilusão, dentre os quais como Pai Tomé, contou-me muitas historinhas de sabedoria, dentre as quais a abaixo. A história da Rosa Azul foi contada de diferentes formas, em diversas ocasiões e para diferentes pessoas, como pude testemunhar algumas vezes. Essa é a forma que me foi contada. E, com grande amor no coração, compartilho com Vocês. A Rosa Azul tem um significado esotérico de mistério e busca do impossível, já que ela não existe naturalmente, mas por mutações genéticas ou colorantes. Mas o Mestre sempre atribui a Rosa Azul, o símbolo do Amor Universal na Terra, dedicando seu infinito Amor à Senhora do Universo e a essa nossa humanidade carente. E essa história vem para nos ensinar que a busca não é fora, mas sim interior. Muitas vezes o que procuramos está conosco ou ao nosso lado. Só que não conseguimos enxergar. Que a Luz Azul do Mestre Babajiananda, em seu infinito amor, se faça presente no coração de todos os homens!


Havia um homem muito rico que possuía uma enorme propriedade no campo. Sua maior alegria e ocupação diária era tratar e cultivar grandes canteiros de rosas que situavam-se ao lado de sua própria casa. Este homem tinha orgulho de ser o possuidor da maior coleção de variedades de rosas do mundo, as quais eram objeto dos seus maiores cuidados. Seus jardins eram visitados por quem assim o desejasse, já que o rico senhor adorava demonstrar sua prodigiosa coleção e receber os merecidos elogios ao seu cultivo, o que o envaidecia.

Um belo dia, o floricultor olhando sua vasta propriedade e os visitantes, reparou num senhor idoso muito simples que calmamente passeava de canteiro a canteiro, observando atentamente a cada espécime.

Levado pela curiosidade, o floricultor foi ter com o humilde velhinho a fim de esmiuçar o que tanto interessava aquela criatura. Surpreendeu-se com a educação, tranquilidade e conhecimento do idoso e, até pela agradável compania, juntou-se a ele, passeando por incontáveis minutos dentre os canteiros de flores. Recebeu muitos elogios e frutíferos comentários do velhinho, o que satisfazia seu ego e tornava o floricultor cada vez mais surpreso com o visitante.

"É uma coleção magnífica!", disse o velhinho.
"Magnífica e completa", respondeu o floricultor. "Possuo todas as qualidades de rosas que existem", afiançou com orgulho.
"Eu diria que ainda falta um tipo de rosa que não vi em sua coleção", observou o visitante, examinando uma espécie rara, cor de café.
"Qual?", perguntou espantado o dono da propriedade.
"A rosa azul."
"Mas rosas azuis não existem!"
"Existem sim. Eu mesmo vi essa qualidade raríssima nos jardins de um poderoso sultão."
"Por favor, meu amigo. Diga-me com toda precisão onde posso encontrar tal maravilha."
"Não sei ao certo, foi há muitos anos atrás. Não me lembro exatamente onde. Mas posso afirmar que vi tal rosa."

Depois disso, tão misteriosamente como apareceu, o humilde velhinho sumiu. E o dono da propriedade chamou seus inúmeros empregados e deu as seguintes ordens:

"Vou viajar pelo mundo afora à procura da rosa azul. Quero que cuidem bem de minha propriedade e sobretudo de meus canteiros e rosas. Meu secretário tem numerário suficiente para pagar a todos durante pelo menos uns vinte anos. Não sei quando voltarei, mas podem estar certos de que se existe uma rosa azul eu voltarei com ela."

No dia seguinte, bem cedinho e afoitamente, o floricultor partiu em busca da rosa azul tão rara. Durante mais de vinte anos, viajou de país a outro procurando sem encontrar vestígio dessa qualidade de rosa. Desperdiçou na busca todo o seu dinheiro e energia sem o menor sucesso. Deprimido e envelhecido, tinha perdido o contato com seus funcionários e não tinha notícias de sua coleção. Desanimado e triste, voltou para sua terra usando de seus últimos recursos.

Chegando na porteira de sua propriedade, ainda inconformado e pensando na rosa azul, teve um choque ao não encontrar mais nenhum dos seus servidores. Os canteiros bem como as rosas todas haviam desaparecido. Apenas uma seca e tórrida terra batida e pedregosa o aguardava. Nada que pudesse lembrar o formidável jardim de outrora. Sua casa porém, ainda que desgastada pela ação do tempo, encontrava-se em pé.

Naquela noite, triste e solitário em sua propriedade, tentou repensar toda sua busca. Mas, tomado pela idade avançada, foi só recostar-se em sua cama e um sono profundo apoderou-se de suas últimas forças. 

Pela manhã, mais conformado, fez um café e caminhou vagarosamente até a parte externa da casa, como que se familiarizando com sua nova realidade. Sentou-se em uma pedra ao lado da casa, olhando consternado para o que antes havia sido um belo jardim. Sua contemplação e concentração eram tamanhas, que mal pôde notar que ao lado da pedra havia uma única roseira. 

Uma roseira com apenas uma rosa...

Uma linda rosa azul!

domingo, 15 de abril de 2012

Personificação de Deus



Deus não é uma pessoa, é antes uma energia... talvez, melhor dizendo, a energia criadora do amor.

Sempre cometemos o conveniente engano de considerá-lo uma pessoa: dizemos que Ele é muito bom (como pessoa), que é misericordioso, que sempre nos abençoa. Parece-me que essas são nossas humanas expectativas de Deus, são nossos desejos que impomos a Deus. Podemos impor nossas expectativas a uma pessoa e, caso ela não corresponda, fazer com que ela seja responsável por isso. Mas não poderíamos fazer o mesmo com a energia. 

A energia de Deus não funciona a partir de uma determinada consideração pessoal ou preferência por alguém. A rigor, a expressão energia de Deus já é errônea em tese, uma vez que seria mais apropriado dizer Deus é energia. 

Deus não pensa como se comportar ou o que fazer conosco. O que atua sobre nós são as Leis Divinas. Se nosso comportamento tiver discernimento em harmonia, compreensão e conformidade com essa energia e suas Leis, podemos chamar a isso de estado de graça - não por causa de Deus, mas por nossa causa mesmo.

Nesse sentido, a prece e a adoração a um deus humanizado, personificado, não têm nenhum significado. Na prece, suplicamos, insistimos, esperamos e demandamos. Mas não faz sentido ter alguma expectativa, porque se espera retorno desse deus- homem. Se Você desejar que a energia divina se torne uma benção, uma graça, terá que fazer algo por conta própria. Daí a prática espiritual ou a religiosidade terem significado e a prece não, a meditação ter significado e a mitificação e mistificação não.

Na prece Você está fazendo algo com um deus-homem. Na meditação Você está trabalhando com Você mesmo, com a sua própria divindade interior. No empenho espiritual, Você está fazendo algo com sua própria evolução, portanto, de acordo com a Lei de Evolução de todas as coisas. O esforço para o crescimento espiritual tem um significado de que Você está se transformando de tal maneira a não ficar em desacordo com a existência, com a criação, com o divino e com a religiosidade.

Esse conceito de Deus como pessoa nos causa muitos problemas. A mente deseja que ele seja uma pessoa, de tal forma que podemos transferir para ele todos os nossos problemas e mazelas, tornando-o responsável por tudo o que nos acontece.

Ao conseguir um emprego a pessoa agradece a Deus, mas ao perdê-lo, cobra de Deus. Se tiver uma pústula, a pessoa suspeita que Deus a causou, mas ao se curar, agradece a Deus, mesmo que tenha se medicado.

Precisamos refletir sobre como estamos usando esse deus-pessoa, pensar em como é egocêntrica essa atitude de esperar que esse deus se preocupe até mesmo com nossas pústulas. Se perdemos uma moeda e a reencontramos, dizemos: "Graças a Deus encontrei". Desejamos que Deus mantenha nossa conta até os últimos centavos.

A ideação desse deus pessoa satisfaz nossa mente, porque assim podemos ficar no centro do mundo. A vantagem é que a responsabilidade pode ser facilmente colocada sobre ele e consideramos ele um julgador.

Mas o real buscador toma a responsabilidade sobre si mesmo. Na verdade, ser um buscador ou religioso ou espiritualista significa não considerar ninguém, exceto a si mesmo, como o responsável por tudo o que nos diz respeito. Se tropeçar, cair e quebrar a perna, trata-se de minha própria distração e não posso culpar a força da gravidade ou processá-la.                                                                                                                                                    

quinta-feira, 15 de março de 2012

Religião e Espiritualidade (Prof. Dr. Guido Nunes Lopes)


A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.

A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.

A religião, historicamente,  ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro".

A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto, é Deus.

A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião não indaga, nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.

A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência..

A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.