Há
aproximadamente 200 anos surge o capitalismo tal qual é hoje, utopicamente
um sistema perfeito – como também o socialismo - cuja única imperfeição é que
seria realizado por seres imperfeitos.
E, assim,
o sistema, ao invés de beneficiar a economia como um todo e a todos os que dela
participam, passou a ser a busca desenfreada pelo lucro imediato e para
alguns... os capitalistas que detêm o capital.
Com isso,
criou-se uma cultura corporativa destituída de significado e de valores
mais profundos e espiritualizados.
Nós
apenas queremos mais dinheiro. Mas para quê? Para quem?
Trabalhamos
apenas para consumir mais.
É uma
vida sem sentido, que interfere nos códigos de moralidade da sociedade, dos
dirigentes empresariais e políticos e dos seus colaboradores e clientes.
Afeta a produtividade
e a criatividade. E também afasta dos negócios preocupações mais amplas com
o meio ambiente, a comunidade, o planeta e a sustentabilidade.
O mundo
corporativo é um engano destrutivo porque falta uma estrutura de significado,
valores e propósitos fundamentais. Há uma profunda relação entre a crise
da sociedade moderna e o baixo desenvolvimento da nossa Inteligência Espiritual.
As
pessoas espiritualmente inteligentes podem beneficiar as corporações,
porque querem sempre fazer mais do que se espera delas. Algo para além
da empresa – pensam sempre no coletivo antes mesmo de si mesmas. Quem
trabalha unicamente por dinheiro não faz o melhor que pode.
Empresas
que trabalham em desenvolver espiritualmente os funcionários, a produtividade
aumenta porque eles ficam mais motivados, mais criativos e menos estressados.
As pessoas dão tudo de si quando se procura um objetivo mais elevado. Se as
organizações derem espaço para as pessoas fazerem algo mais, se souberem
desenvolver em cada indivíduo a sua Inteligência Espiritual, terão mais
resultados e mais rapidamente.
Os líderes
espiritualmente inteligentes são os que atuam inspirados pelo desejo de
servir, são responsáveis por trazer visão e valores mais elevados
aos demais e por mostrar como usá-los. São pessoas que inspiram as
outras e têm perspectivas amplas.
Desenvolvemos
o Qociente Espiritual (QS) procurando mais o porquê de cada ato
ou decisão e as conexões entre as coisas, trazendo à consciência as reais
razões sobre o sentido delas.
Tornamo-nos
mais reflexivos, conscientes de nossos motivos, assumindo responsabilidades,
sendo honestos conosco mesmos e mais corajosos porque mais éticos.
Tornamo-nos
mais conscientes de onde estamos, quais são as nossas motivações
mais profundas. Identificamos e eliminamos mais facilmente obstáculos.
Examinando as numerosas possibilidades, comprometemo-nos com um
caminho e permanecemos cientes de que são muitos os caminhos.
Pessoas espiritualmente
inteligentes, procuram desenvolver em si mesmas e nos próximos, qualidades
como:
*
praticam e estimulam o autoconhecimento profundo;
* são
levadas por valores. São idealistas;
* têm
capacidade de encarar e utilizar da adversidade;
* são holísticas;
* celebram
a diversidade;
* têm independência;
*
perguntam sempre "por quê?";
* têm
capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo, social e coletivo;
* têm espontaneidade;
e,
* têm compaixão,
o que envolve, ao mesmo tempo, paciência e resiliência
Estudos
sugerem que os líderes carismáticos, que desenvolveram a inteligência
espiritual, demonstram esforços, sacrifícios e riscos pessoais em prol
da organização e dos seus seguidores e tendem a induzir mais elevados níveis
de esforço e de empenho nas pessoas.
Líderes
espiritualizados incluem aquilo a que os psicólogos chamam "independência
do campo" e possuem uma facilidade para trabalhar contra as
convenções. Isso quer dizer ser capaz de estar contra a multidão, o
politicamente correto, defender uma opinião impopular, se isso for aquilo em
que acredita profundamente.
Ao
contrário da inteligência comum, que é linear, lógica e racional, a Inteligência
Espiritual (QS) não se pode quantificar, o que dificulta o
recrutamento e seleção de pessoas espiritualmente inteligentes para as
empresas, bem como avaliar os resultados de programas de desenvolvimento
do Quociente Espiritual.
Mesmo
assim, creio eu, que em um mundo ideal, se tivéssemos lideres corporativos
empenhados em desenvolver a cultura da Inteligência Espiritual (QS)
em suas empresas, bem como políticos preocupados com o bem-estar do
próximo e um sistema educacional que buscasse mais o social, o
coletivo e a sustentabilidade, mais o compartilhar, mais desenvolver
talentos individuais que introduzir velhos padrões e conhecimentos sem
considerar as individualidades de cada um, certamente viveríamos num mundo onde
os valores seriam outros.
E
seríamos todos mais felizes...