quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

As Três Inteligências


Burns, em seu livro Introdução aos Métodos de Pesquisa Científica, diz que o que caracteriza a abordagem científica é a testagem das hipóteses, a definição operacional das variáveis e construções, o controle das variáveis intervenientes e a replicação dos resultados.
É assim que a ciência no início do século XX, mais precisamente em 1905, Binet introduziu o que chamou de Quociente de Inteligência (QI), ou seja, um teste para medir a capacidade intelectual do ser humano, o qual permaneceu até a década de 80.
Em 1983, em seu livro Frames of Mind, Howard Gardner admite que não há um tipo específico de inteligência, mas um espectro de inteligências, o que ia muito além do QI, considerado até então, como um fator único e imutável.
Finalmente em 1995, Daniel Goleman lança o conceito de Inteligência Emocional, mostrando que não bastava o indivíduo ser um gênio se não soubesse lidar com suas emoções e a dos outros. E, com isso, criou o Quociente Emocional (QE), quando as emoções foram colocadas no centro das aptidões humanas.
Mas já no início do terceiro milênio, precisamente em 2001, fomos presenteados com o livro Inteligência Espiritual, de Danah Zohar, física e filósofa, e seu marido Iam Marshall, psiquiatra, que introduzem o conceito de  Quociente Espiritual (QS ou QEs).
A Inteligência Espiritual ajuda a lidar com as questões da essência do Ser, do divino em cada um, e pode ser o início de uma nova era para a humanidade e para o mundo dos negócios, hoje tão desgastado, desacreditado e questionado, por atravessar uma crise de sustentabilidade.
Para Danah e Ian, a Inteligência Espiritual "constitue-se na terceira inteligência, aquela que coloca nossos atos e experiências em um contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos."
Hoje falamos muito em ter um propósito de vida, mas, inadequadamente, classificando como sendo inteligência emocional, quando, na verdade, só podemos encontrar propósitos de vida na espiritualidade, na divindade de cada um.
Ter um alto grau de Quociente Espiritual significa ser capaz de reconhecer sua própria divindade e propósitos, usando-os para ter uma vida mais rica e com sentido e um adequado senso de finalidade e direção pessoais, tornando-nos mais criativos (divinos) e menos reativos (egoicos). É com Inteligência Espiritual que solucionamos e vivemos a vida com sentido e valores divinos.
O Quociente Espiritual (QI) é o que usamos para desenvolver valores éticos (filosóficos, subjetivos), ao invés de códigos de moralidade sociais (impostos, chamados, popularmente, de politicamente corretos), que vão nortear nossas vidas.
O Quociente Intelectual (QI) responde basicamente à pergunta: "O quê fazer?", e é ligado à mente concreta e ao aprendizado e sua capacidade de compreensão, cultura e inteligência adquirida, e, portanto, ao ego, quando desassociado de outros valores emocionais e espirituais.
O Quociente Emocional (QE) responde a questões do tipo "Como fazer?", e é ligado aos relacionamentos e emoções advindas destes, normalmente emoções inferiores, ligadas ao corpo astral ou dos desejos e estado egoico do ser. Auxilia na melhoria das relações interpessoais através da conscientização e do domínio das emoções inferiores.
Já o Quociente Espiritual (QS ou QEs) é de domínio sobre questões do tipo "Por quê fazer?” é ligado à divindade de cada um e, portanto, nada ao ego. A Inteligência Espiritual coletiva ainda é muito incipiente na sociedade atual e, com uma cultura espiritual muito retrógrada e irracional, gera crenças limitantes na humanidade, embora sejam estas mesmas limitações que alavancam os motivos para agir e elevar nosso Quociente Espiritual (QS ou QEs).
É esta terceira inteligência que lançamos mão (mesmo de forma inconsciente), quando nos defrontamos com situações sem soluções lógicas aparentes, quando somos reféns de padrões comportamentais (crenças limitantes), frente a doenças graves e em situações de sofrimento físico, emocional, no trabalho e em situações de perda.
O conceito de Inteligência Espiritual ou terceira inteligência é sustentado por pesquisas científicas nas áreas da neurologia, neuropsicologia e neurolinguística.
O neuropsicólogo Michael Persinger e o neurologista Vilanu Ramachandran identificaram, nas conexões neurais dos lobos temporais do cérebro humano, um ponto denominado “O Ponto de Deus”. Esta área, através de exames específicos, sempre se iluminava quando os pacientes falavam e discutiam temas espirituais, independentemente da religião proferida por eles.
Quando questionada sobre a diferença entre Quociente Emocional (QE) e Quociente Espiritual (QS ou QEs), Danah assim se expressou:
"A inteligência emocional (QE) me permite julgar em que situação eu me encontro e a me comportar aproximadamente dentro dos limites da situação. A inteligência espiritual (QS) me permite perguntar se quero estar nesta situação particular: implica trabalhar com os limites da situação.
Enquanto o QE fala das emoções, o QS fala da alma, este tem a ver com o que algo significa para mim, enquanto aquele se relaciona com as coisas que afetam minha emoção e como eu reajo a ela".

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