Burns, em seu livro Introdução aos Métodos de
Pesquisa Científica, diz que o que caracteriza a abordagem científica é a
testagem das hipóteses, a definição operacional das variáveis e construções, o
controle das variáveis intervenientes e a replicação dos resultados.
É assim que a ciência no início do século XX,
mais precisamente em 1905, Binet introduziu o que chamou de Quociente
de Inteligência (QI), ou seja, um teste para medir a capacidade intelectual
do ser humano, o qual permaneceu até a década de 80.
Em 1983, em seu livro Frames of Mind,
Howard Gardner admite que não há um tipo específico de inteligência, mas um
espectro de inteligências, o que ia muito além do QI, considerado até então,
como um fator único e imutável.
Finalmente em 1995, Daniel Goleman lança o conceito de Inteligência
Emocional, mostrando que não bastava o indivíduo ser um gênio se não
soubesse lidar com suas emoções e a dos outros. E, com isso, criou o Quociente
Emocional (QE), quando as emoções foram colocadas no centro das aptidões
humanas.
Mas já no início do terceiro milênio, precisamente em 2001, fomos
presenteados com o livro Inteligência Espiritual, de Danah Zohar, física
e filósofa, e seu marido Iam Marshall, psiquiatra, que introduzem o conceito
de Quociente Espiritual (QS ou QEs).
A Inteligência Espiritual ajuda a lidar com as questões da
essência do Ser, do divino em cada um, e pode ser o início de uma nova era para
a humanidade e para o mundo dos negócios, hoje tão desgastado, desacreditado e
questionado, por atravessar uma crise de sustentabilidade.
Para Danah e Ian, a Inteligência Espiritual "constitue-se
na terceira inteligência, aquela que coloca nossos atos e experiências em um
contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos."
Hoje falamos muito em ter um propósito de vida, mas,
inadequadamente, classificando como sendo inteligência emocional, quando, na
verdade, só podemos encontrar propósitos de vida na espiritualidade, na
divindade de cada um.
Ter um alto grau de Quociente Espiritual significa ser capaz de
reconhecer sua própria divindade e propósitos, usando-os para ter uma vida mais
rica e com sentido e um adequado senso de finalidade e direção pessoais,
tornando-nos mais criativos (divinos) e menos reativos (egoicos). É com Inteligência
Espiritual que solucionamos e vivemos a vida com sentido e valores divinos.
O Quociente Espiritual (QI) é o que usamos para desenvolver valores
éticos (filosóficos, subjetivos), ao invés de códigos de moralidade sociais
(impostos, chamados, popularmente, de politicamente corretos), que vão nortear
nossas vidas.
O Quociente Intelectual (QI) responde basicamente à pergunta: "O
quê fazer?", e é ligado à mente concreta e ao aprendizado e sua
capacidade de compreensão, cultura e inteligência adquirida, e, portanto, ao
ego, quando desassociado de outros valores emocionais e espirituais.
O Quociente Emocional (QE) responde a questões do tipo "Como
fazer?", e é ligado aos relacionamentos e emoções advindas destes,
normalmente emoções inferiores, ligadas ao corpo astral ou dos desejos e estado egoico do ser. Auxilia na melhoria das relações interpessoais através da
conscientização e do domínio das emoções inferiores.
Já o Quociente Espiritual (QS ou QEs) é de domínio sobre questões
do tipo "Por quê fazer?” é ligado à divindade de cada um e,
portanto, nada ao ego. A Inteligência Espiritual coletiva ainda é muito
incipiente na sociedade atual e, com uma cultura espiritual muito retrógrada e
irracional, gera crenças limitantes na humanidade, embora sejam estas mesmas
limitações que alavancam os motivos para agir e elevar nosso Quociente
Espiritual (QS ou QEs).
É esta terceira inteligência que lançamos mão (mesmo de forma
inconsciente), quando nos defrontamos com situações sem soluções lógicas
aparentes, quando somos reféns de padrões comportamentais (crenças limitantes),
frente a doenças graves e em situações de sofrimento físico, emocional, no
trabalho e em situações de perda.
O conceito de Inteligência Espiritual ou terceira inteligência é
sustentado por pesquisas científicas nas áreas da neurologia, neuropsicologia e
neurolinguística.
O neuropsicólogo Michael Persinger e o neurologista Vilanu Ramachandran
identificaram, nas conexões neurais dos lobos temporais do cérebro humano, um
ponto denominado “O Ponto de Deus”. Esta área, através de exames
específicos, sempre se iluminava quando os pacientes falavam e discutiam temas
espirituais, independentemente da religião proferida por eles.
Quando questionada sobre a diferença entre Quociente Emocional (QE) e
Quociente Espiritual (QS ou QEs), Danah assim se expressou:
"A inteligência emocional (QE) me permite julgar em que situação eu
me encontro e a me comportar aproximadamente dentro dos limites da situação. A
inteligência espiritual (QS) me permite perguntar se quero estar nesta situação
particular: implica trabalhar com os limites da situação.
Enquanto o QE fala das emoções, o QS fala da alma, este tem a ver com o
que algo significa para mim, enquanto aquele se relaciona com as coisas
que afetam minha emoção e como eu reajo a ela".
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