domingo, 15 de abril de 2012

Personificação de Deus



Deus não é uma pessoa, é antes uma energia... talvez, melhor dizendo, a energia criadora do amor.

Sempre cometemos o conveniente engano de considerá-lo uma pessoa: dizemos que Ele é muito bom (como pessoa), que é misericordioso, que sempre nos abençoa. Parece-me que essas são nossas humanas expectativas de Deus, são nossos desejos que impomos a Deus. Podemos impor nossas expectativas a uma pessoa e, caso ela não corresponda, fazer com que ela seja responsável por isso. Mas não poderíamos fazer o mesmo com a energia. 

A energia de Deus não funciona a partir de uma determinada consideração pessoal ou preferência por alguém. A rigor, a expressão energia de Deus já é errônea em tese, uma vez que seria mais apropriado dizer Deus é energia. 

Deus não pensa como se comportar ou o que fazer conosco. O que atua sobre nós são as Leis Divinas. Se nosso comportamento tiver discernimento em harmonia, compreensão e conformidade com essa energia e suas Leis, podemos chamar a isso de estado de graça - não por causa de Deus, mas por nossa causa mesmo.

Nesse sentido, a prece e a adoração a um deus humanizado, personificado, não têm nenhum significado. Na prece, suplicamos, insistimos, esperamos e demandamos. Mas não faz sentido ter alguma expectativa, porque se espera retorno desse deus- homem. Se Você desejar que a energia divina se torne uma benção, uma graça, terá que fazer algo por conta própria. Daí a prática espiritual ou a religiosidade terem significado e a prece não, a meditação ter significado e a mitificação e mistificação não.

Na prece Você está fazendo algo com um deus-homem. Na meditação Você está trabalhando com Você mesmo, com a sua própria divindade interior. No empenho espiritual, Você está fazendo algo com sua própria evolução, portanto, de acordo com a Lei de Evolução de todas as coisas. O esforço para o crescimento espiritual tem um significado de que Você está se transformando de tal maneira a não ficar em desacordo com a existência, com a criação, com o divino e com a religiosidade.

Esse conceito de Deus como pessoa nos causa muitos problemas. A mente deseja que ele seja uma pessoa, de tal forma que podemos transferir para ele todos os nossos problemas e mazelas, tornando-o responsável por tudo o que nos acontece.

Ao conseguir um emprego a pessoa agradece a Deus, mas ao perdê-lo, cobra de Deus. Se tiver uma pústula, a pessoa suspeita que Deus a causou, mas ao se curar, agradece a Deus, mesmo que tenha se medicado.

Precisamos refletir sobre como estamos usando esse deus-pessoa, pensar em como é egocêntrica essa atitude de esperar que esse deus se preocupe até mesmo com nossas pústulas. Se perdemos uma moeda e a reencontramos, dizemos: "Graças a Deus encontrei". Desejamos que Deus mantenha nossa conta até os últimos centavos.

A ideação desse deus pessoa satisfaz nossa mente, porque assim podemos ficar no centro do mundo. A vantagem é que a responsabilidade pode ser facilmente colocada sobre ele e consideramos ele um julgador.

Mas o real buscador toma a responsabilidade sobre si mesmo. Na verdade, ser um buscador ou religioso ou espiritualista significa não considerar ninguém, exceto a si mesmo, como o responsável por tudo o que nos diz respeito. Se tropeçar, cair e quebrar a perna, trata-se de minha própria distração e não posso culpar a força da gravidade ou processá-la.                                                                                                                                                    

6 comentários:

  1. Eu estou procurando por Deus, o Deus que as religiões me apresentam para mim não é o verdadeiro Deus, é uma personificação de nossos desejos. Eu acho que o Deus verdadeiro é muito mais do que o Deus que a bíblia ou qualquer documento considerado sagrado pela humanidade descreve.

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    1. Estamos todos procurando algo, meu irmão... talvez estejamos procurando fora o que está dentro.

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