terça-feira, 26 de maio de 2020

Obstáculos no caminho

É muito comum as pessoas não entenderem os obstáculos que elas mesmo criam em seu caminho evolutivo.
Questionam o por quê já que realmente desejam atingir a maestria em alguma senda. E é justamente aqui que demonstra seu primeiro problema: o desejo!
Ao contrário da vontade, o desejo, via de regra, é de natureza inferior, egoica, enquanto a vontade é o pai - a força interior que impulsiona os esforços do discípulo. É preciso investigar antes o por quê de se desejar tanto e validar valorosamente o motivo.
Pode haver muitas razões para o discípulo não encontrar seu mestre. Às vezes uma pessoa, pedindo isso, demonstra alguma falha importante em si mesma que é razão suficiente.
Não infrequentemente, lamenta-se dizer, esta falha é o orgulho. Uma pessoa pode ter um conceito tão elevado de si mesma, que não é passível de aprendizado. E como evoluir sem aprender?
É muito comum, nesses nossos dias conturbados e agitados, que essa falha seja a irritabilidade, o mau humor, a demonstração de desconforto com qualquer situação externa que a desagrade, desaponte.
Uma pessoa boa e digna, por ter seus nervos à flor da pele, pode externar falta de controle sobre si mesma e, por isso mesmo, desejar ter controle sobre aquilo que a afeta.
A facilidade com que nos ofendemos ou nos afetamos dificulta enormemente nossa capacidade de nos relacionar com os outros, a convivência. Elas devem esperar até que aprendam a se adaptar e cooperar com qualquer pessoa ou situação.
As pessoas têm falhas e não gostam que lhes sejam apontadas. Geralmente, não acreditam que as possuem e imaginam que os outros estejam equivocados, afinal elas tem muitos motivos para assim serem. Em raros os casos ela se dispõem a tirar proveito da observação feita. Mas um discípulo deve ser ávido por mudar a si mesmo, por livrar-se de seus defeitos e falhas.
O autocentramento é apenas uma outra forma de orgulho, mas que hoje em dia é muito proeminente, sendo batizado muitas vezes de "auto-estima". A personalidade que temos construído ao longo de milhares de anos se tornou auto-assertiva e é uma das tarefas mais árduas reverter esta atitude e obrigá-la a adquirir o hábito de ver as coisas do ponto de vista dos outros.
É preciso certa força e grandeza para se colocar na atitude correta ao trabalho espiritual, pois além de qualquer defeito nosso, temos toda a pressão do pensamento do mundo agindo contra.
A pessoa que deseja se colocar na senda fica exposta a certos desconfortos. O primeiro deles é a exteriorização de tudo que estava latente na natureza da pessoa - suas falhas, hábitos, qualidades ou desejos reprimidos, sejam bons, maus ou indiferentes. Eles virão à tona incontrolavelmente e ela terá que lutar mais arduamente que nunca até que se extingam essas tendências em si mesma.

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