sexta-feira, 29 de maio de 2020

Consciência Pós-Pandemia

Como um toque de alvorada, a Era de Aquarius, o novo milênio e século, começaram com dois eventos que envolveram, como nunca antes, toda a humanidade: o 11 de Setembro e o Covid19. Digo isso, não porque antes não houveram fatos mundiais, mas porque hoje a tecnologia e a globalização tornaram as informações e a divulgação imediatos, afetando a todos imediatamente.
Todos os envolvimentos mundiais provocam, de alguma forma, uma mudança de consciência da humanidade e na sua vida prática. Foi assim com todos os eventos mundiais como a peste negra, a gripe espanhola, as Guerras Mundiais assim como hoje vivemos sob o impacto do ataque às torres gêmeas. Os eventos mundiais mudam o comportamento, a forma de pensar a vida, a ciência e a tecnologia. Mais, que tudo isso... muda a consciência coletiva.
Outra característica dos eventos mundiais é que geram, naturalmente no mundo dualístico, dois polos: os negativistas e os histéricos, sendo os primeiros aqueles que acreditam que nada está ocorrendo e os segundos vislumbrando o final dos tempo. Os primeiros buscam a razão nas ciências e os segundos nas religiões e no medo.
Na verdade, cada epidemia histórica é única. Esta mata menos que varíola dos séculos XVIII e XIX, por exemplo. Mas, tem um poder de destruição econômica muito maior que no passado, pelos efeitos da globalização e interconectividade das nações. Outra atipicidade da atual epidemia: ela foi propagada por pessoas das classes alta e média alta que buscaram os hospitais de elite.
O certo é que as pandemias são incontroláveis e que ninguém pode ter certeza de nada. Mas, a penetração do discurso daqueles que tem poder e/ou acesso às mídias é diferente de há 50 anos. Hoje tanto os negacionistas quanto os histéricos encontram eco, porque têm acesso a uma massa enorme que lideram e replicam a informação.
Mas essa massa de gente não aprendeu a questionar (pelo contrário, jamais podem ser questionadas) as informações recebidas, apenas validam a fonte da informação para aceitar ou rejeitar a ideia.
A rápida propagação das mídias sociais produz uma falsa sensação de igualdade democrática. Mas, infelizmente, por não haver embasamento e argumentação dos informados, o que gera é apenas uns contra os outros. Deveríamos considerar que existem especialistas para cada área... e não fontes.
O desafio nesta pandemia é saber que estamos diante de uma realidade maior que nós mesmos e que não temos como nos isolar dos efeitos da pandemia no todo, e em qualquer área... nem na saúde e nem na economia.
O desafio não é o lockdown para preservar vidas “ou” liberar todos e tudo para o retorno imediato às suas vidas, normalizando o mais rápido possível a economia.
O desafio é “e”. Precisamos equacionar, ponderar, equilibrar, harmonizar tanto a saúde quanto a economia. Precisamos entender e estudar cada caso como um caso, sem regras generalizadas, desamarrando nós que nos prendem, mas que a pandemia igualitária desafia.
O desafio é desenvolver a consciência individual e, a partir dela, a consciência coletiva de que não há salvação garantida para absolutamente ninguém, por mais privilegiado que seja, em nenhum campo ou área que seja. A pandemia igualou a tudo e a todos, inclusive a importância da saúde, da educação, da economia, da segurança, do trabalho entre tantas outras áreas.
O desafio é tomar consciência que criamos uma sociedade desigual e não inclusiva, onde o discurso de uma solução coletiva tipo “Fique em casa”, encontra milhões de respostas do tipo “que casa?”. Onde a frase “Não saiam para comer” tem a resposta “que comida?”.
Tomar consciência destes óbvios fatos, talvez seja o primeiro passo para curarmos a sociedade, curando cada um de seus membros primeiramente.
Não vamos ter ainda uma luz no fundo do túnel, porque antes de vislumbrá-la, teremos ainda mais choques políticos, mais mortes e mais gente batendo a cabeça, porque muitos de nós, egoisticamente, ainda pensam em suas carreiras, seu emprego, seu dinheiro, seu mandato, sua reeleição, seus “likes” nas redes sociais. Ou seja... pensam em seu poder! E pouca gente pensando equilibradamente no coletivo.
Mas tenhamos fé. O inferno não existe. Mas, criamos nosso próprio purgatório aqui e agora, até que a luz se restabeleça em nós mesmos e em todos.
Nada é para sempre...

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