terça-feira, 26 de novembro de 2019

Samadhi

Samadhi é uma palavra antiga do sânscrito, usada na yoga e por budistas, com diferente significado.
Alguns chamam essa antiga língua, o sânscrito, de devanagari – a língua dos deuses dos Atlantes, da qual se origina e para a qual não possui nenhum equivalente moderno. Mas, é dela que vem nossa ideia de mantras – sons sem significado específico, em termos de fonética, mas que emitem a vibração daquilo a que se refere.
Por isso mesmo é um fundamental desafio falar sobre Samadhi.
Samadhi leva a algo impossível de ser transmitido no nível da mente.
Então, este texto é simplesmente a manifestação exterior mental de uma jornada que só pode ser feita interiormente. A intenção não é ensinar sobre o Samadhi ou fornecer informações para alimentar sua mente, mas sim, inspirar você a descobrir diretamente sua real natureza.
Samadhi é relevante agora mais do que nunca.
Estamos em uma época na história em que esquecemos não só o Samadhi, mas temos nos esquecido do que nós esquecemos.
Este esquecimento é Maya, a ilusão do Ser.
Como humanos a maioria de nós vive imerso em nossas vidas cotidianas, com pouca ideia de quem somos, por quê estamos aqui ou para onde estamos indo.
A maioria de nós nunca realizou o verdadeiro Ser, a alma ou o que Buda chamou de Annata – aquilo que está além de nomes e formas, além do pensamento. E, como resultado, acreditamos que somos esses corpos limitados.
Vivemos no medo, consciente ou inconsciente, de que a estrutura limitada do Ser, a qual estamos identificados, irá morrer.
No mundo de hoje, a maioria das pessoas que estão empenhadas em práticas religiosas ou espirituais, como yoga, oração, meditação, cânticos ou qualquer tipo de ritual, estão praticando técnicas que são condicionadas, o que significa que são apenas parte das construções do ego.
Essa busca ou atividade não é um problema… Mas pensar que você encontrou a resposta em alguma forma externa é o problema.
Espiritualidade em sua forma mais comum não é diferente do pensamento patológico que está acontecendo em todos os lugares. É mais uma agitação da mente.
Mais “afazeres humanos” em oposição a “ser humano”.
A construção do ego quer mais dinheiro, mais poder, mais amor, mais de tudo. Igualmente, aqueles que estão no chamado caminho espiritual desejam ser mais espirituais, mais despertos, mais equânimes, mais pacíficos, mais iluminados.
O perigo de você ler este texto é que sua mente poderá querer alcançar o Samadhi. Ou, talvez ainda mais perigoso, é que sua mente pode pensar que já alcançou Samadhi.
Mas sempre que há um desejo de alcançar algo, você pode ter certeza de que é a construção do ego trabalhando.
Samadhi não é sobre alcançar ou acrescentar qualquer coisa para si mesmo.
Somos informados de quem somos pela nossa família, pela sociedade e nossa cultura e, ao mesmo tempo, somos escravos de profundos desejos biológicos inconscientes e aversões que governam nossas escolhas.
A construção do ego não é mais do que o impulso de repetir…
É simplesmente o caminho que a energia tomou uma vez e a tendência da energia a tomar esse caminho novamente, seja ele positivo ou negativo para o organismo.
Há aspectos do ego que podemos estar conscientes, mas é o inconsciente, a fiação arcaica, os medos existenciais primitivos, que estão realmente dirigindo toda a máquina.
Padrões infinitos relacionados a buscar o prazer e evitar a dor são sublimados em comportamentos patológicos… nosso trabalho… nossos relacionamentos… nossas crenças… nossos próprios pensamentos... e todo o nosso modo de viver.
Como gado, a maioria dos seres humanos vive e more em subjugação passiva, alimentando suas vidas para a matriz.
Vivemos vidas trancadas em padrões limitados.
Vidas muitas vezes cheias de grande sofrimento e nunca nos ocorre de podermos realmente tornarmos livres.
É possível abandonar a vida que foi herdada do passado, para viver aquela que está esperando para vir através do mundo interior.
Em um indivíduo desperto, a consciência brilha através da personalidade, através da máscara. Quando você está desperto, você não se identifica com seu personagem, não acredita que é a máscara que está vestindo. Mas também não desiste de desempenhar um papel.
Quando estamos identificados com o nosso personagem, nossa personalidade, isto é Maya, a ilusão do Ser.
Samadhi é despertar do sonho do personagem no jogo da vida.

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