segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Ainda sobre Dramas de Controle

Vivemos num mundo onde estamos frequente e incessantemente trocando energias, com o meio e com as pessoas em todos os níveis.
Sem consciência desse fato, a maioria de nós provocamos, forçada e inconscientemente, essa troca de energia com as pessoas mais próximas.
Quando isso acontece se dá inconscientemente e sob domínio do ego, e podemos chamar de jogo de poder ou de controle, drama de controle, medo e tantos outros nomes.
É importante trazer à consciência o mecanismo de troca de energias para ficarmos mais atentos em nossas relações.
Que tipo de energia estamos trocando?
Quantas vezes nos tornamos defensivos diante de uma pessoa recém conhecida ou, ainda mais frequente, com pessoas com comportamentos já conhecidos?
Tendemos a nos afastar e separar das pessoas ou pelo fato de não conhecê-las ou por conhecê-las demais.
Essa é uma maneira de controlar pessoas e situações, visando trazer a energia e atenção dela para si.
Criamos na cabeça um drama durante o qual nos isolamos e parecemos misteriosos e cheios de segredos incontáveis.
Justificamo-nos dizendo a nós mesmos que estamos sendo cautelosos, mas o que esperamos na verdade é que alguém seja atraído para esse drama e tente imaginar o que se passa.
E quando atraímos alguém, permanecemos vagos e distantes, obrigando a pessoa a lutar para cavar e discernir seus sentimentos. E quando a pessoa faz isso, ela dedica toda a sua atenção e transmite a energia dela a Você.
Vamos lembrar nesse ponto das qualidades da mente: foco, intensidade e duração.
Quanto mais prendermos a atenção da pessoa em nosso drama de controle, mais foco ela terá, com mais intensidade e duração em você. Quanto mais você consegue mantê-la interessada e confusa, mais energia você recebe.
Infelizmente, provocando esse distanciamento, mais distante do UNO se está e sua vida tende a evoluir muito devagar, já que tendemos a repetir esse comportamento seguidas vezes, sem permitir o novo, sem aprender nada, sem transmutar nada.
O primeiro passo no processo de mudança desse comportamento é trazer nosso drama de controle pessoal à consciência.
Nada pode prosseguir enquanto não olharmos de fato para nós mesmos e descobrirmos o que estamos fazendo para manipular os outros, buscando sua energia.
Temos que voltar ao passado, ao centro de nossa vida familiar e observar como se formou esse hábito, lembrando que a maior parte dos membros de nossa família tinha seu próprio drama de controle para extrair nossa energia quando crianças. por isso mesmo, criamos nossas defesas, como estratégia para recuperar nossa energia.
Podemos buscar ajuda nisso, através de terapias, psicologia, constelações familiares ou outros métodos, para nos distanciar dessas estratégias de controle e, assim, ver com clareza o que realmente acontece.
Precisamos reinterpretar nossa experiência familiar de um ponto de vista mais evolutivo, espiritualizado, primeiro entendendo como se formou nosso drama.
Pense nos seus pais e como os vê. Sei que vai dizer das qualidades deles em primeiro lugar. Mas, eles podem ter sido muito crítico… nada do que você fazia estava correto ou bom…esse é um caso típico.
É muito comum que os pais desse tipo, numa conversa qualquer, ficassem procurando algum ponto errado em suas respostas e, tão logo descubram, cessavam a conversa e esse ponto passava a ser explorado. E você se sentia desenergizado e triste. Procurava mesmo evitar conversar mais ou dizer alguma coisa de errado a mais.
E assim a gente se tornou vago e distante, tentando dizer aos nossos pais coisas de um modo que chamasse a atenção, mas não revelasse fatos a serem criticados.
Nesse caso, nossos pais eram os interrogadores, buscando encontrar falhas em nós para apontarem e focarem no negativo.
O Interrogador é outro típico caso de drama de controle.
O interrogador procura através de perguntas sondar o mundo de outra pessoa, com o propósito de descobrir algo de errado. Assim que descobrem, criticam esse aspecto e exploram esse ponto visando intimidar a outra pessoa, que passa a prestar atenção no interrogador para não fazer mais nada de errado que ele perceba. A deferência psíquica dá ao interrogador a energia que ele precisa.
Todos nós manipulamos em busca de energia.
Alguns de forma mais agressiva e direta, forçando as pessoas a prestarem atenção nelas, outros de forma passiva, talvez até com simpatia ou jogando com a curiosidade das pessoas visando chamar a atenção.
Se alguém o ameaça, então, por medo até, Você é forçado a prestar atenção nele.
Mas há também as pessoas que passivamente se vitimizam, sofrem e adoram transmitir seus sofrimentos, prendendo a atenção das pessoas com dramas pessoais infindáveis. É o chamado caso de coitadinho de mim.
Alguns livros classificam os personagens dramáticos de intimidador, interrogador, distante e coitadinho de mim. O ego cria personagens para obter energia alheia.
As pessoas distantes acabam criando interrogadores. E os interrogadores tornam as pessoas distantes.
Os intimidadores criam os coitadinhos de mim ou outro intimidador.
E é assim que os nossos próprios dramas de controles se eternizam.
É fácil identificar nos outros esses dramas, mas é preciso aprender a reconhecer os nossos próprios.
Precisamos transcender essa ilusão para nos libertar dessas amarras e deixar de viver nessa inconsciente busca de energia.
Podemos encontrar um sentido mais elevado em nossas vidas, para termos nascido em uma determinada família.
E devemos começar a esclarecer quem de fato somos.

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