quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Libertando-se do Passado

Embora falemos da Trindade Divindade - Pai, Filho e Espírito Santo - e, pretensiosamente achemos que a conhecemos, na prática, na nossa vida diária e cotidiana, praticamos e conhecemos mesmo a trindade profana: pecado, culpa e medo.

Esta última arraigada no inconsciente coletivo ocidental e por séculos alimentada pela tradição cristã. É esta a polaridade de nossos egos e nossos divinos. Esta a dualidade que devemos superar.
A crença no pecado nos remete a culpas. As culpas nos remetem a fatos passados, situações vividas e tanto faz se sentimos culpa ou culpamos. Excesso de passado é depressão. A lembrança sofrida da culpa nos faz ter medo, sempre de um evento futuro. Excesso de futuro é ansiedade. Quem vive de culpa e medo, vive no passado e futuro deixando, portanto, de viver o presente. E se torna reativo pelo ego, defensivo em relação aos outros, afastando-os inconscientemente.
Sendo assim, percebe que se acreditar no livre arbítrio incondicional (pecado não existe), libertando-se do seu passado histórico (culpas), acaba por libertar-se também de seu futuro temeroso (medos), sendo livre para se experienciar como presente (presença) e "Ser a Presença Divina em Você Mesmo"?
Conscientemente, pelo poder de nossa vontade, podemos recriar o passado (culpas) sempre que revisitamos situações e lembramos de situações vividas e ressentimos (daí os re-sentimentos) a emoção sofrida daquele momento.
Ressignificamos ao mudar a interpretação daquele evento, mudar a maneira de ver o passado, através de nossa mente que é a nosso campo de escolhas, a ferramenta do nosso livre arbítrio.
É através do perdão que damos um ressignificado à nossa existência e podemos passar a viver no presente.
Mas, entenda... não se trata de perdoar pelo ego, por dó (ego) ou misericórdia (valor divino) ao outro, já que o outro é apenas um reflexo, um espelho de nós mesmos.
O verdadeiro perdão é aquele que vem da nossa fonte divina, nossa essência e que reconhece em nós mesmos a necessidade daquela passagem para nosso evolutivo.
E, sendo assim, tem gratidão e louva os personagens (persona - máscara - ego) envolvidos naquele drama passado, que foram instrumentos de nosso evolutivo.
Escolhemos vir aqui neste momento, cercado das pessoas que estamos cercados e escolhemos passar pelo que vimos passando na maioria das vezes. Tudo foi planejado antes de encarnarmos por nós mesmos.
Aliás, este é um momento muito importante na história da humanidade e, de certa forma, somos privilegiados por estarmos vivenciando este crítico momento de mudanças fundamentais para nós e nosso planeta-mãe.
É claro que também sofremos as consequências de atos alheios não previamente planejados por nós, mas também estes podem ser perdoados sob o ponto de vista de uma mente corrigida pelo divino em nós mesmos.
O perdão é libertador, já que nos tira do passado e do futuro, permitindo que nos experienciemos como quisermos no presente.
É libertador não precisar se defender de nada e de ninguém e poder sonhar com aquilo que quiser sem preocupações (pré-ocupações da mente egoica, em função de uma culpa passada e do consequente medo futuro).
Perdoe-se... perdoe aos outros por você mesmo... libere seu futuro e construa-o no presente, vivendo no aqui e no agora, o eterno presente.
Mas, pratique o perdão verdadeiro que é aquele que reconhece nos outro a divindade, pela sua própria divindade... e tudo o que não é divindade é irreal, transitório e impermanente (o ego)...
É através da compreensão amorosa destes aspectos pelo divino em nós, que deixamos de viver a trindade profana e passamos a experimentar Trindade Divina, sem tentar entender racionalmente ou julgar.
É estando no presente, "Sendo a Presença" de Deus em nós, que recriamos o passado, sem medo do futuro.
Quem ama não julga porque antes compreende, mesmo sem entender.



Nenhum comentário:

Postar um comentário