quarta-feira, 3 de junho de 2020

Wabi-Sabi

A aceitação é o primeiro passo para a mudança.
Aceitação não é resignação, ou seja, aceitar por não ter mais o que fazer, por desistir. Desistir não é uma opção evolutiva... é uma limitação.
Aceitação inclui o conceito de viver integralmente a realidade, estar inteiro dentro de uma situação, usando todas as suas ferramentas para modifica-la ou aprender com ela ou aproveitar o que há de melhor nela para o seu evolutivo.
A cultura oriental japonesa tem a expressão Wabi-Sabi, que é ver e sentir a situação tal e qual ela se apresenta. É ver a perfeição na imperfeição.
Wabi-Sabi nos apresenta uma visão do mundo baseada no reconhecimento da transitoriedade e da beleza da imperfeição da situação, que influência inclusive a estética da arquitetura e design oriental.
Wabi significa “quietude” e Sabi “simplicidade”.
Este termo ganha significado na cultura oriental de viver uma vida com despojamento, com certa dose de insuficiência e vislumbrando a beleza da imperfeição, estando relacionada ao desapego do Zen Budismo.
Neste tempo de crise, onde as incertezas e o medo proliferam na mesma velocidade das pandemias epidemiológica e econômica, é muito importante abandonarmos a crença da culpa e assumir a prática do Wabi-Sabi. Não se trata aqui de concordar ou discordar de tudo o que acontece, afinal todos temos razões em não concordar com muitas coisas que tem acontecido.
É legítimo sentir medo. É legítimo sentir que de certa forma sua vida foi tirada.
A razão neste momento, totalmente fora de nosso controle e de incertezas, leva ao medo e o medo à raiva. E, neste ponto, muitos de nós reage defensiva e inconscientemente, como um reflexo defensivo. Quanto maior o medo, maior a necessidade de defesa.
Este reflexo impensado, inconsciente, é chamado de acting out ou reação egoica com o objetivo de se livrar da raiva gerada por este sofrimento. E esta reação sempre tem efeitos negativos em relação aos outros e gera afastamentos, além de não solucionar em nada a situação.
A aceitação, no caso da pandemia, não é uma alternativa, uma opção. É um fato que todos estamos vivendo coletivamente, mas experienciando individualmente. Não existe uma forma de lidar com esta situação pandêmica, ou qualquer outra situação, que não seja atravessá-la.
É simples assim... É o que tem para hoje, mesmo não sendo do jeito que a gente quer ou gostaria. Nada está sob nosso controle, exceto nós mesmos. E somos nós mesmos que temos que nos controlar conscientemente, até mesmo porque o medo é diretamente proporcional à falta de controle. Aceitar isso é um ato de humildade.
É por isso que este é um grande momento evolutivo, para aqueles que tem a humildade de reconhecer aquilo que é, como é - com todas as imperfeições, ou mesmo defeitos e até a negatividade que carrega.
A sabedoria está em reconhecer na crise um momento de crescimento pessoal, com amorosidade e não medo.
Se quiser aliviar a sua dor, desviar o foco de sua desgraça pessoal e se motivar a passar melhor e mais rapidamente por este período, pense e tente aliviar a dor alheia.
É assim que o amor funciona... ao se dar para o outro.

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